Após dedicar sete anos de sua vida à criação de O Menino e a Garça (2023), o lendário diretor Hayao Miyazaki enfrentou desafios muito além da técnica e da produção. A animação, que mistura fantasia com traços profundamente autobiográficos, tornou-se uma jornada pessoal de luto e cura, principalmente após a morte de seu grande amigo e mentor, Isao Takahata.
Um filme que carrega memórias, perdas e homenagens
Durante o processo criativo, Miyazaki se inspirou nas pessoas que marcaram sua vida. Ele se colocou simbolicamente no personagem Mahito, escalou Takahata como o tio-avô e transformou o produtor Toshio Suzuki na misteriosa Garça. Cada elemento do filme reflete não apenas sua genialidade, mas também suas emoções mais íntimas.
A despedida que Miyazaki não queria gravar
Em uma entrevista ao Oricon News, o ator Masaki Suda, responsável pela voz da Garça, revelou que uma das cenas mais emocionantes do filme precisou ser gravada diversas vezes. Segundo ele, Miyazaki não conseguia aceitar que a cena de despedida entre Mahito e a Garça chegasse ao fim.
“Descobri que Miyazaki não queria que aquela cena terminasse. Ele estava muito apegado emocionalmente a ela”, contou Suda.
Essa cena específica – o momento em que Mahito se despede da Garça que o guiou pelo mundo fantástico e por seus próprios sentimentos – é, segundo Suda, a favorita de Miyazaki. O diretor exigiu diferentes interpretações, tons e emoções, como se estivesse tentando prolongar esse adeus o máximo possível.
Lidar com o luto e seguir em frente
O Menino e a Garça é mais do que uma aventura visual. É uma história sobre perdas, crescimento e aceitação. Mahito, mesmo esquecendo suas experiências no mundo mágico, termina sua jornada com mais maturidade emocional. Ele ainda sente a dor pela morte da mãe, mas agora consegue seguir em frente.
Assim como Mahito, Miyazaki também encontrou sua própria forma de seguir adiante. Apesar de muitos acharem que esse seria seu último trabalho, o diretor já começou a desenvolver um novo projeto, provando que o amor pela arte pode ajudar a curar até as feridas mais profundas.
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