
Quando vi o primeiro trailer de Clair Obscur: Expedition 33, confesso que fiquei dividido. A estética chamativa, a trilha sonora envolvente e o combate visualmente intenso chamaram atenção, mas o hype exagerado me deixou desconfiado. Alguns diziam que esse RPG francês seria o futuro dos jogos de turno – e, como fã desse gênero, fui para o jogo preparado para me decepcionar. Felizmente, Clair Obscur me provou o contrário. E, sinceramente? Que bom que isso aconteceu.
Hoje, quero compartilhar minha jornada pessoal com esse título, sem seguir a estrutura tradicional de análise. Prefiro contar como minha percepção mudou com o tempo: das primeiras impressões estranhas até o momento em que me vi completamente absorvido por esse universo tão único.
Um começo confuso, mas cheio de personalidade
Logo de cara, somos jogados em uma narrativa intrigante: a Artífice, uma figura quase divina, redefine o ciclo da vida em um ritual estranho onde todas as pessoas de uma determinada idade simplesmente morrem. A ambientação mistura o conhecido e o surreal — vemos uma Torre Eiffel “murcha” na cidade de Lumiere, mas sem nenhuma menção direta ao nosso mundo real.
O início é rápido, quase apressado. Não temos muito tempo para conhecer os personagens antes de embarcarmos na Expedição 33 – a 67ª tentativa de pôr fim à tirania da Artífice. No começo, confesso que tive dificuldades para me conectar com o grupo, e o sistema de combate também me deixou desconfortável.
Combate: reflexos acima de tudo
Clair Obscur: Expedition 33 é, na essência, um RPG de turno clássico, com ordens de ação baseadas na velocidade e habilidades personalizáveis. A diferença principal está nos Quick Time Events (QTE) e no sistema defensivo manual.
Os QTEs não acrescentam tanto: basicamente exigem pressionar um botão no momento certo para aumentar o dano. Mas é na defesa que o jogo exige reflexos — e muito treino. No começo, morri diversas vezes tentando aparar ataques inimigos no timing correto. Para quem não tem os melhores reflexos, a frustração inicial é real.
Além disso, o design dos mapas complicava a navegação. O jogo carece de um sistema robusto de marcação no mapa e não possui minimapa nas dungeons. Em áreas coloridas e artisticamente caóticas, era comum me perder.
Uma curva de aprendizado recompensadora
Apesar das dificuldades, continuei. E, para minha surpresa, fui fisgado.
Com o tempo, a história revelou mistérios fascinantes e os personagens ganharam profundidade. A trilha sonora — uma mistura perfeita de melodias suaves e temas de batalha explosivos — me envolveu de tal maneira que cantarolei sem perceber até nas mortes dos personagens.
O sistema de evolução das builds também é brilhante. A personalização dos personagens se torna extremamente satisfatória e estratégica, dando liberdade para explorar diferentes estilos de jogo.
E o melhor: Clair Obscur respeita o seu tempo. Não é necessário grindar horas para vencer os chefes principais. Explorar conteúdos opcionais traz ótimas recompensas, mas terminar a campanha no modo Normal exige mais habilidade e estratégia do que “tempo de tela”.

Reviravoltas que redefinem tudo
A virada definitiva aconteceu depois de uma reviravolta narrativa, por volta das dez horas de jogo. Sem spoilers, mas foi um momento tão impactante que mudou completamente minha visão da história e dos personagens.
Depois disso, o mapa se abriu ainda mais, trazendo novos desafios, áreas secretas, lutas opcionais intensas e até desafios de parkour que lembram minigames de Final Fantasy XIV.
Cada nova área parecia mais bonita e mais insana que a anterior. E o sistema de combate evoluiu: a defesa ganhou novas possibilidades, os limites de dano foram quebrados, e o poder do jogador cresceu a ponto de se sentir invencível – só para logo ser desafiado novamente.

Nem tudo é perfeito
Embora a narrativa principal seja emocionante e cheia de camadas, alguns personagens secundários se perdem no caminho. A construção das relações, tão bem feita no início, não recebe o mesmo cuidado no final.
Mesmo assim, o desfecho compensa. As últimas batalhas são intensas, o clímax da história é espetacular, e a decisão final oferecida ao jogador é pesada e significativa – muito além do tradicional “escolha A ou B” de muitos RPGs.
Conclusão: uma obra que merece ser sentida
Clair Obscur: Expedition 33 me surpreendeu de todas as formas possíveis. Comecei cético, mas terminei apaixonado. Esse é um jogo que não apenas entrega combates divertidos e um mundo lindo de explorar; ele também convida à reflexão sobre temas como luto, sacrifício e a efemeridade da vida.
É raro encontrar um RPG que, ao final, me faça pular da cadeira de emoção mesmo depois de horas seguidas de gameplay. Clair Obscur conseguiu isso. E por isso, considero essa experiência uma das mais marcantes do ano.
Se você gosta de RPGs de turno, gosta de ser desafiado e quer algo diferente do comum, dê uma chance a Clair Obscur: Expedition 33. Você pode se surpreender tanto quanto eu.
Igor
Sou viciado em novidades! Sempre de olho no mundo dos games, animes e tecnologia, trazendo as notícias mais quentes pra quem curte esse universo tanto quanto eu.